The Dungeon of Naheulbeuk: The Amulet of Chaos

Kia Ora, senhoras e senhores! 
 

Nunca fui de jogar RPG em videogame. Passei por algumas experiências muito boas, principalmente no Super Nintendo (Secret of ManaLegend of Gaia, Breath of FireChrono Cross), mas sempre achei que RPG de mesa não tinha nada a ver com RPG em videogame. Eu gostava muito de AD&D e Gurps, jogava até nos intervalos das aulas, na escola, e agora, escrevendo esse texto, noto que joguei RPG de mesa, até 2013, do alto de meus 32 anos. 
Voltando aos games, na segunda metade da década de 90, tive contato com XCOM, um jogo de RPG Tático para PC. Esse jogo começou a mudar meu ponto de vista em relação aos RPG de videogame. “Um jogo, onde as personagens ficam com medo e isso afeta em suas ações, e as vezes, os deixa paralisados, por turnos? Sim, é isso que eu quero, obrigado!” Joguei os dois primeiros jogos dessa franquia e gostei muito. Essa é minha experiência mais profunda com esse gênero! Fora isso, creio que dois jogos que possam se tornar relevantes, para definir onde se enquadraria esse jogo, o qual darei minhas primeiras impressões, são o Final Fantasy Tatics (PS1) e General Chaos (Mega Drive). 

Final Fantasy Tactics Advance. Créditos: Nintendo.pt

Se você já esteve numa mesa de AD&D, pode ter iniciado uma aventura em uma “party” em que todos se conhecem. E é assim que começa The Dungeon of Naheulbeuk:  The Amulet of Chaos (Artefacts Studio, 2020), um RPG Tático, narrado de uma forma irreverente e descontraída que já está disponível na Steam e na Epic.  

O Ranger, a Elfa, o Ogro, o Anão, o Ladrão, o Bárbaro e a Maga (sim, o nome dos personagens é igual a classe ou raça de alguns) nos são apresentados através do narrador (ou narradora), que seria o mestre da partida. Já nos primeiros diálogos, sentimos que esse jogo se trata de algo diferente. Parece que as personagens são bem sólidas e consistentes, e após usar o Google a meu favor, entendi tudo! O universo de Naheulbeuk, já existe em outras mídias, como livros, HQs e uma serie de comédia em áudio, que é muito popular na França. Criação do francês John Lang, a áudio serie faz uma paródia de uma aventura de RPG, com vários clichês do gênero e personagens estereotipados. O jogo segue nessa “vibe”, e eu posso dizer que é quase impossível de jogar sem dar gargalhadas.  

The Dungeon of Naheulbeuk:  The Amulet of Chaos. Créditos: DLCompare.com

Gráficos “maneiros” (sei que é uma gíria antiga, mas acho que é a que melhor descreve o que eu sinto a respeito), jogabilidade satisfatória, e outro grande destaque: os níveis de dificuldade do jogo são muito bem definidos e diferenciados. Eu, por exemplo, que jogo RPG Tático, tal qual um neandertal, tenho um nível de dificuldade (fácil extremamente fácil), o qual vou aproveitar a história sem morrer de ódio nas batalhas. Já, para os extremistas, que curtem a parte tática, podem optar pelos níveis de dificuldade mais altos, onde os comandos serão mais complexos e qualquer vacilo, pode custar a batalha. O combate por turnos é muito bom, e você pode combinar ataques entre os membros da “party”. 
 
Mas o que brilha mesmo, é o carisma (olha o alerta de trocadilho) das personagens e os diálogos, cheios de referências e piadas. O Anão fissurado por ouro, o Bárbaro e suas “ideias geniais”, um Ladrão com habilidades duvidosas, uma Elfa que atira como um stormtrooper, o Ogro (que não fala a língua comum) e a Maga (Enchantress) que é a única que fala a língua do Ogro. Todos liderados pelo Ranger… ou melhor, o Ranger tenta lidera-los e manter a party unida, porém tem muita dificuldade em segurar o Bárbaro, que sempre quer resolver rápido e na “porrada” e os atritos entre a Elfa e o Anão (clássico). Os NPCs dão boa dinâmica a história e as piadas vão acontecendo entre as batalhas e entrelaçando a história, de forma natural. 

The Dungeon of Naheulbeuk:  The Amulet of Chaos. Créditos: Steam

O lado ruim desse jogo, é o fato de não termos nem dublagem e nem legendas em português. Se você entende inglês, francês (língua original do jogo) ou alemão, recomendo jogar. Se não, o mais sensato, aguardar a localização, pois para esta obra ser apreciada num todo, o entendimento da história é fundamental. 
De resto, recomendo uma cadeira confortável, uma garrafa térmica com café e tempo, pois quando sentei, só para dar uma “olhadinha” no jogo, fiquei quase 5 horas jogando.  
Eu gostei, e acho que se você se identificou com algo que eu citei no texto, vai gostar também! Boa Jogatina!

Nota do Profeta: este review foi feito por uma chave da Steam cedida gentilmente pela publisher Dear Villagers. Obrigado!


 

About the author

Frank

Nerd velho, apaixonado por atividades físicas, Star Wars, cinema, montanhas, skate e videogames, é claro! SEGA!!!